O agronegócio que come o Brasil que tem fome

Autores

  • Natália Freire Bellentani Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas – INEAF/UFPA

Palavras-chave:

mundialização da agricultura, agronegócio, reforma agrária, justiça social, fome

Resumo

“Brasil é referência mundial no combate à fome, diz ONU”. “Brasil volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas”. Menos de uma década separa essas duas manchetes de jornal veiculadas por grandes portais nacionais de notícias. A primeira de 2013 e a segunda dada em 2022. Na espiral do autoritarismo vivenciado no referido período, o Brasil retrocedeu em todas as dimensões humanas da nossa história recente e, definitivamente, conviver com o fato de que mais de 20 milhões de pessoas não comem, é de uma brutalidade desmedida. A catástrofe da fome no Brasil se apresenta como um problema estrutural, tal qual a sua estrutura fundiária baseada no latifúndio e produção de commodities voltadas ao mercado externo. Logo, nunca foi tão importante diagnosticar com clareza o problema teórico e prático do conceito de segurança alimentar e nutricional e seu par indissociável, a soberania alimentar. Portanto, nesse artigo vamos abordar a realidade concreta do campo no Brasil hoje, onde o agronegócio é largamente privilegiado em detrimento da produção de alimentos saudáveis, ao tempo em que compreende-se que a problemática alimentar não se restringe à produção e consumo.

Biografia do Autor

  • Natália Freire Bellentani, Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas – INEAF/UFPA

    Doutora em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e mestre em Geografia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP - Câmpus de Presidente Prudente. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP - Câmpus de Jaboticabal e em Geografia - Licenciatura, pela Universidade Anhanguera. É pesquisadora do Grupo de Pesquisa LEETRA - Universidade Federal de São Carlos e do Instituto de Agriculturas Amazônicas (INEAF) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Tem experiência na área de Geografia Agrária, atuando principalmente nos temas da questão agrária e indígena no Brasil.

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Publicado

2024-12-18

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Artigos