ENTRE CONFISSÕES E DEVANEIOS: O ITINERÁRIO DO MITO NO DISCURSO POÉTICO DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU

Autores

  • Maria de Lourdes Dionizio Santos UFCG

Palavras-chave:

Rousseau; Confissões; Devaneios; Mito; Narrativa Poética.

Resumo

O artigo intenta investigar o mito presente no discurso poético em As confissões e Os devaneios do caminhante solitário, de Jean-Jacques Rousseau. A partir da leitura das obras supramencionadas, intentamos apresentar o itinerário do mito na tessitura de sua linguagem, conferido na expressão dos sentimentos do sujeito que atesta o lirismo dessas obras. Ao lançarmos um olhar atento em As confissões, percebemos haver uma falta primordial que fundamenta e motiva a busca do “eu”, no itinerário de sua existência. Trata-se, em princípio, da ausência da mãe, que marcará, de forma indelével, o destino de Rousseau. Isso tem-se configurado determinante no decurso da vida do indivíduo, conforme temos constatado em narrativas orais, quando a criança perde seus genitores. Exemplo disso são histórias contadas e ouvidas no passado ou no presente -, sejam contos de fadas ou relatos de vidas reais, que até então contagiam o espírito de quem as ouve. Em Os devaneios do caminhante solitário, o fio da memória da vida do sujeito é retomado, tecendo o itinerário de sua vida. Não obstante o Romantismo ter sido um movimento que exerceu, de forma incisiva, sua força e seu poder contra a estética classicista, marcadamente impulsionada por Rousseau, que influenciou o pensamento no mundo, constatamos que o sentimento inerente ao ser humano perpassa suas obras. Assim, a busca recorrente do sujeito lírico nas obras em discussão configura a presença do mito, o que nos instiga a discorrer sobre o modo como esse elemento se delineia, no discurso das referidas obras, conforme nossa análise.

Biografia do Autor

  • Maria de Lourdes Dionizio Santos, UFCG

    Doutora em Letras pela UERN; Mestre em Letras pela UNESP e Graduada em Letras pela UFPB. Professora Nível Associado da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), lotada na Unidade Acadêmica de Letras (UAL) do Centro de Formação de Professores (CFP), Campus de Cajazeiras, PB.

Referências

CASSIRER, Ernst. Linguagem e mito: sua posição na cultura humana. In: CASSIRER, Ernst. Linguagem e mito. Tradução: J. Guinsburg e Míriam Schnaiderman. São Paulo: Perspectiva, 2006. p. 15-31. (Coleção Debates, 50).

CASSIRER, Ernst. A filosofia das formas simbólicas. I – A Linguagem. Tradução por Marion Fleischer. São Paulo: 2001. (Coleção tópicos).

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Tradução por Póla Civelli. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1986. (Debates, 52).

LOUSADA, Wilson: Do íntimo do ser. In: As confissões. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. p. 7-10. (Biblioteca Áurea).

MARCONDES, Guacira Marcondes. O Romantismo dos devaneios. In: ESPÍDOLA, Arlei. (Org.). Rousseau: pontos e contrapontos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2012. p. 177-194.

MACHADO, Guacira Marcondes. O romantismo dos devaneios. In: ESPÍNDOLA, Arlei de. (Org.). Rousseau: pontos e contrapontos. São Paulo: Barcarolla, 2012. p. 177-194.

JESI, Furio. Literatura y mito. Barcelona: Barral Editores, 1972.

MARQUES, José Oscar de Almeida. Rousseau e a possibilidade de uma autobiografia filosófica. In: MARQUES, José Oscar de Almeida. (Org.). Reflexos de Rousseau. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2007. p. 153-172.

NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. 2. ed. São Paulo: Ática, 1995. (Série Fundamentos, 31).

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Tradução por Constança Marcondes Cesar. Capinas-SP: Papirus, 1994. Tomo I. Tradução de: Temps et récit – Tome I.

ROSSI, Paolo. O passado, a memória, o esquecimento: seis ensaios da história das ideias. Tradução por Nilson Moulin. São Paulo: Editora UNESP, 2010.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. As confissões. Tradução por Wilson Lousada. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. (Biblioteca Áurea).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os devaneios do caminhante solitário. Tradução por Laurent de Saes. São Paulo: Edipro, 2017.

SAES, Laurent de. Introdução. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os devaneios do caminhante solitário. Tradução por Laurent de Saes. São Paulo: Edipro, 2017. p. 7-13.

SANTOS, Maria de Lourdes Dionizio. O lirismo amoroso na obra Júlia ou a Nova Heloísa, de Jean-Jacques Rousseau. In: DIONIZIO NETO, Manoel. (Org.). Da ética à literatura: a educação e o ensino de filosofia. João Pessoa: Ideia, 2018. p. 191-206.

STAROBINSK, Jean. Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo. Tradução por Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

TADIÉ, Jean-Yves. Le récit poétique. Paris: Gal1imard, 1997. (Coletion Tel).

VALÉRY, Paul. Variedades. Tradução por Maiza Martins de Siqueira. São Paulo: Iluminuras, 1999.

VICENTE, Adalberto Luiz. A retórica da sensibilidade e a renovação das formas literárias: repercussão dos devaneios do caminhante solitário nos séculos XIX e XX. In: ESPÍNDOLA, Arlei de. (Org.). Rousseau: pontos e contrapontos. São Paulo: Barcarolla, 2012. p. 167-176.

VOLOBUEF, Karin. Rousseau, Hoffmann e a criatividade romântica. In: MARQUES, José Oscar de Almeida. (Org.). Reflexos de Rousseau. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2007. p. 129-135.

VOLOBUEF, Karin. (Org.). Apresentação. In: Mito e magia. São Paulo: editora Unesp, 2011. p. 1-7.

Downloads

Publicado

2025-06-30

Edição

Seção

DOSSIÊ "ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DO GEI-ROUSSEAU"