ENTRE CONFISSÕES E DEVANEIOS: O ITINERÁRIO DO MITO NO DISCURSO POÉTICO DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Palavras-chave:
Rousseau; Confissões; Devaneios; Mito; Narrativa Poética.Resumo
O artigo intenta investigar o mito presente no discurso poético em As confissões e Os devaneios do caminhante solitário, de Jean-Jacques Rousseau. A partir da leitura das obras supramencionadas, intentamos apresentar o itinerário do mito na tessitura de sua linguagem, conferido na expressão dos sentimentos do sujeito que atesta o lirismo dessas obras. Ao lançarmos um olhar atento em As confissões, percebemos haver uma falta primordial que fundamenta e motiva a busca do “eu”, no itinerário de sua existência. Trata-se, em princípio, da ausência da mãe, que marcará, de forma indelével, o destino de Rousseau. Isso tem-se configurado determinante no decurso da vida do indivíduo, conforme temos constatado em narrativas orais, quando a criança perde seus genitores. Exemplo disso são histórias contadas e ouvidas no passado ou no presente -, sejam contos de fadas ou relatos de vidas reais, que até então contagiam o espírito de quem as ouve. Em Os devaneios do caminhante solitário, o fio da memória da vida do sujeito é retomado, tecendo o itinerário de sua vida. Não obstante o Romantismo ter sido um movimento que exerceu, de forma incisiva, sua força e seu poder contra a estética classicista, marcadamente impulsionada por Rousseau, que influenciou o pensamento no mundo, constatamos que o sentimento inerente ao ser humano perpassa suas obras. Assim, a busca recorrente do sujeito lírico nas obras em discussão configura a presença do mito, o que nos instiga a discorrer sobre o modo como esse elemento se delineia, no discurso das referidas obras, conforme nossa análise.
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