A existência roída: o trabalho como negatividade em Os ratos, de Dyonelio Machado

Autores

  • Fábio Henrique Passoni Martins Universidade de São Paulo – USP

Resumo

 

Resumo

O presente artigo pretende fazer uma leitura de Os ratos, romance de Dyonelio Machado, fazendo notar que para amplas frações de classe da sociedade brasileira o trabalho não somente deixa de ser fator gerador de riqueza, como também é falso em sua ética e objetualiza a pessoa do trabalhador. Desse modo, a obra flagra em sua configuração formal a contradição enraizada na formação social brasileira exatamente em momento em que o governo saído da Revolução de 1930 se propõe a regulamentar as relações de trabalho em uma economia que ainda convive com herança da escravidão, marcando não somente aqueles que descendem diretamente do grupo escravizado, o negro, como também outros grupos que, não pela cor da pele, mas pela pobreza e também por uma falsa ética de outras relações para além das de trabalho, vivem de transitar nesse amplo intervalo cinzento entre da zona perversa entre ordem e desordem, normalizada em nossa sociedade. Embora se filie a uma vertente de romances a qual se convencionou chamar de romance social, essa zona cinzenta somada à forma como se constitui esse narrador eleva o teor crítico do romance entre aqueles que por serem romances sociais já trazem na sua base a crítica.

Palavras-chave: Romance de 30. Dyonelio Machado. Forma e processo social.

Abstract

This article intends to make a reading of Dyonelio Machado's Os ratos, noting that for large fractions of Brazilian society, work not only ceases to be a factor generating wealth, but is also false in its ethics and objetualizes the person of the worker. In this way, the work finds in its formal configuration the contradiction rooted in the Brazilian social formation precisely at a time when the government that emerged from the 1930 Revolution proposes to regulate labor relations in an economy that still lives with an inheritance of slavery, only those who descend directly from the enslaved group, the Negro, as well as other groups that, not by color of skin, but by poverty and also by a false ethics of relations other than work, live to transit in this wide gray interval between of the perverse zone between order and disorder, normalized in our society. Although it belongs to a strand of novels which is conventionally called a social novel, this gray area added to the form of this narrator raises the critical content of the novel among those who are social novels already bring criticism.

Keywords: Brazilian Romance of 30. Dyonelio Machado. Form and social process.

Biografia do Autor

  • Fábio Henrique Passoni Martins, Universidade de São Paulo – USP

     

     

     

    A existência roída: o trabalho como negatividade em Os ratos, de Dyonelio Machado

    Fábio Henrique Passoni Martins

    Universidade de São Paulo – USP

    prof.passoni@gmail.com

    Resumo

    O presente artigo pretende fazer uma leitura de Os ratos, romance de Dyonelio Machado, fazendo notar que para amplas frações de classe da sociedade brasileira o trabalho não somente deixa de ser fator gerador de riqueza, como também é falso em sua ética e objetualiza a pessoa do trabalhador. Desse modo, a obra flagra em sua configuração formal a contradição enraizada na formação social brasileira exatamente em momento em que o governo saído da Revolução de 1930 se propõe a regulamentar as relações de trabalho em uma economia que ainda convive com herança da escravidão, marcando não somente aqueles que descendem diretamente do grupo escravizado, o negro, como também outros grupos que, não pela cor da pele, mas pela pobreza e também por uma falsa ética de outras relações para além das de trabalho, vivem de transitar nesse amplo intervalo cinzento entre da zona perversa entre ordem e desordem, normalizada em nossa sociedade. Embora se filie a uma vertente de romances a qual se convencionou chamar de romance social, essa zona cinzenta somada à forma como se constitui esse narrador eleva o teor crítico do romance entre aqueles que por serem romances sociais já trazem na sua base a crítica.

    Palavras-chave: Romance de 30. Dyonelio Machado. Forma e processo social.

    Abstract

    This article intends to make a reading of Dyonelio Machado's Os ratos, noting that for large fractions of Brazilian society, work not only ceases to be a factor generating wealth, but is also false in its ethics and objetualizes the person of the worker. In this way, the work finds in its formal configuration the contradiction rooted in the Brazilian social formation precisely at a time when the government that emerged from the 1930 Revolution proposes to regulate labor relations in an economy that still lives with an inheritance of slavery, only those who descend directly from the enslaved group, the Negro, as well as other groups that, not by color of skin, but by poverty and also by a false ethics of relations other than work, live to transit in this wide gray interval between of the perverse zone between order and disorder, normalized in our society. Although it belongs to a strand of novels whi


    ch is conventionally called a social novel, this gray area added to the form of this narrator raises the critical content of the novel among those who are social novels already bring criticism.

    Keywords: Brazilian Romance of 30. Dyonelio Machado. Form and social process.

Downloads

Publicado

2018-05-16