EU AGORA VOU DANÇAR PARA TODAS AS MOÇAS, PARA TODAS AS AYABÁS, PARA TODAS ELAS:

HISTÓRIAS DE MULHERES NEGRAS GAÚCHAS A PARTIR DA IMAGEM DE YEMANJÁ NO COLETIVO NEGRESSENCIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v22i02.12272

Palavras-chave:

Mulheres negras gaúchas, Yemanjá, Criação em Dança, Coletivo Negressencia

Resumo

Este artigo segue por três caminhos: da figura de Yemanjá no Candomblé, de histórias de mulheres negras gaúchas e de criação artística. Perpassa por questões de orixalidade e arte a partir da análise do espetáculo “Negressencia: mulheres cujos filhos são peixes”, criado pelo Coletivo Negressencia em 2016. A dança adquire um duplo papel: de um lado, há uma demonstração dos ritos do Candomblé e, do outro, por meio das coreografias, conta a história das mulheres negras gaúchas. Desvelando minhas memórias como intérprete-criadora do espetáculo, esta escrita tem como objetivo tecer relações entre a imagem de Yemanjá com as noções de mulher negra que operam na sociedade gaúcha. Para tanto, a reflexão está ancorada nas memórias grafadas no corpo em diálogo com um referencial teórico, concluindo que a ação do Coletivo Negressencia faz parte de um movimento de desconstrução de estereótipos acerca da corporeidade de mulheres negras.

Biografia do Autor

  • Amanda SILVEIRA, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    Primeira mulher negra do Rio Grande do Sul com o título de Bacharela em Dança (2016), mestra em Ciências Sociais (2020) e doutoranda em Ciências Sociais (2020-atual) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tem experiência em Artes, com ênfase em criação, direção, interpretação e pesquisa em Dança. É artista-pesquisadora no campo da negritude, com pesquisas ancoradas no diálogo entre Antropologia da Educação e Dança, versando sobre processos identitários, Movimento Negro no campo acadêmico e coletividades negras. Atualmente é co-fundadora e integrante do Coletivo Negressencia e professora de Ritmos na Associação de Professores de Santa Maria (APUSM) e na academia UP Fitness.

Referências

ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento. Coleção Feminismos Plurais, 2018.

ALVES NETO, Manoel Gildo. Falarfazendo dança afro-gaúcha: ao encontro com mestra Iara. 2019. 191 f. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2019.

BÁRBARA, Rosamaria. A dança das iabás: dança, corpo e cotidiano das mulheres de candomblé. 2002. 200 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-09082004-085333/publico/1rosamaria.pdf. Acesso em: 13 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Diário Oficial da União, 10 jan. 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.639.htm. Acesso em: 16 set. 2021.

CANDIOTTO, Viviane Maria. Da diáspora de Stuart Hall para dança de Mercedes Baptista: educação, linguagem e memória. In: SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO, CONHECIMENTO E PROCESSOS CRIATIVOS, 2., 2017, Criciúma, SC. Anais eletrônicos [...]. Criciúma, SC: UNESC, 2017. Disponível em: http://periodicos.unesc.net/seminarioECPE/article/view/3960. Acesso em: 16 set. 2021.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. 339 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 2005.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução de Jamille Pinheiro Dias. 1 ed. São Paulo: Boitempo.

FERRAZ, Fernando Marques Camargo. O fazer saber das danças afro: investigando matrizes negras em movimento. 2012. 291 f. Dissertação (Mestrado em Artes) – Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2012.

GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.

GONSALEZ, Alexandra. Iemanjá. Revista Super Interessante, São Paulo: Editora Abril, 1990. (Coleção divindades afro-brasileiras).

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, p. 223-244, 1984. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4584956/mod_resource/content/1/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf. Acesso em: 15 set. 2021.

HAPKE, Rafael. Espetáculo Negressencia: mulheres cujos filhos são peixes. 2 fotografias, color. In: SOUZA, Gabriele Wagner de. Negressencia: projeto valoriza histórias de mulheres negras gaúchas. Revista Arco, Santa Maria, RS, 28 set. 2016. Disponível em: https://www.ufsm.br/midias/arco/post380/. Acesso em 15 set. 2021.

EXAME. IBGE: população negra é principal vítima de homicídio no Brasil. 13 nov. 2019. Disponível em: https://exame.com/brasil/ibge-populacao-negra-e-principal-vitima-de-homicidio-no-brasil/ Acesso em: 26 maio 2022.

INGOLD, Tim. The perception of the environment: essays in livelihood, dwelling and skill. London; New York: Routledge, 2000.

KERNER, Ina. Tudo é interseccional? Sobre a relação entre racismo e sexismo. Novos Estudos, p. 45-58, jul. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/xpdJwv86XT8KjcpvkQWHKCr/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 15 set. 2021.

KILOMBA, Grada. Memória da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó. 2019.

MAGGIE, Yvonne. O medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992.

MAGNANI, José Guilherme Cantos. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49, p. 11-29, jun. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/KKxt4zRfvVWbkbgsfQD7ytJ/abstract/?lang=pt. Acesso em: 06 set. 2021.

MANDARINO, Ana Cristina de Souza. (Não) deu na primeira página: macumba, loucura e criminalidade. São Cristovão: Editora UFS, 2007.

MARTINS, Leda. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Letras: língua e literatura: limites e fronteiras, Santa Maria, RS, n. 26, p. 63-81, jun. 2003. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11881/7308. Acesso em: 10 set. 2021

MARTINS, Suzana Maria Coelho. A dança de Yemanjá Ogunté sob a perspectiva estética do corpo. Salvador: EGBA. 2008.

MEDEIROS, Saul de. A sacralização de animais nas religiões afro-brasileiras: uma análise sob a perspectiva da ética utilitarista de Peter Singer. 2020.75 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade de Caxias do Sul, 2020. Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/6718/Dissertacao%20Saul%20de%20Medeiros.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 25 maio 2022.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac-Naify, 2014. e-book.

NASCIMENTO, Marcelo de Maio. Dança e corporeidade: considerações fenomenológicas do espaço dançado e corpo percebido. Cena, Porto Alegre, n. 13, 2013. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/cena/article/view/41142. Acesso em: 26 maio 2022.

NEGRESSENCIA: mulheres cujos filhos são peixes. Direção: Manoel Luthiery. Santa Maria, RS, 2020. 1 vídeo (34 min), color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WQkEMmxgwGo. Acesso em: 25 maio 2022.

OLIVEIRA, Ilzver de Matos. Perseguição aos cultos de origem africana no Brasil: o direito e o sistema de justiça como agentes da (in)tolerância. In: ENCONTRO NACIONAL DO CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-

GRADUAÇÃO EM DIREITO, 23., 2014, Florianópolis. Anais eletrônicos [...]. Florianópolis: UFSC, 2014. v. 1. p. 308-332. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=13d83d3841ae1b92#:~:text=A%20intoler%C3%A2ncia%20%C3%A0s%20religi%C3%B5es%20de,o%20nosso%20processo%20de%20democratiza%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 25 maio 2022.

ÔRÍ. Direção: Raquel Gerber. São Paulo, 1889. 1 vídeo (91 min), 35mm, color. Disponível em: https://www.facebook.com/uniaodetodasasnacoes/videos/document%C3%A1rio-or%C3%AD-beatriz-nascimento/1878768139068550/. Acesso em: 15 set. 2021.

PINHO, Patrícia de Santana. Reinvenções da África na Bahia. São Paulo: Annablume. 2004.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte, MG: Letramento, 2017. (Coleção Feminismos Plurais).

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SANTOS, Inaycira Falcão dos. Corpo e ancestralidade: uma configuração estética afro-brasileira. Repertório, Salvador, n. 24, p. 79-85, 2015.

SILVA, Maicom Souza e. Estética da dança afro-brasileira. Revista do Colóquio, n. 17, p. 31-45, dez. 2019. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/index.php/colartes/article/view/27578. Acesso em: 16 set. 2021.

SODRÉ, Muniz. Claros e escuros: identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes. 1999.

TEIXEIRA, Ana Ligia Faria. A cultura afro-latina representada no movimento hip hop: alternativas de pertencimento - território e orixalidade, 2017. 101 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21366/1/CulturaAfroLatina.pdf. Acesso em: 25 maio 2022.

TINOCO, Dandara. Mulheres negras, as mais vulneráveis entre as mais vulneráveis. El País, 09 mar. 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/08/opinion/1552066061_520180.html. Acesso em: 26 maio 2022.

Downloads

Publicado

2022-11-28

Edição

Seção

DOSSIÊ SEXUALIDADES NO SAGRADO Parte 1

Como Citar

EU AGORA VOU DANÇAR PARA TODAS AS MOÇAS, PARA TODAS AS AYABÁS, PARA TODAS ELAS:: HISTÓRIAS DE MULHERES NEGRAS GAÚCHAS A PARTIR DA IMAGEM DE YEMANJÁ NO COLETIVO NEGRESSENCIA. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 22, n. 02, p. 26, 2022. DOI: 10.31668/rta.v22i02.12272. Disponível em: //www.srvojs.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12272.. Acesso em: 15 ago. 2025.