Cultura das imagens: antagonimos entre o corpo-criador e o corpo reduzido do roteiro de cinema
Palavras-chave:
Cinema, Filosofia, Vilém Flusser, CorpoResumo
Este presente artigo procura refletir sobre a peculiaridade dos roteiros em serem, segundo Flusser (2010, p.150), “linhas de letras que devem ser transcodificadas em imagens” (e em sons) e suas relações com o ato de contar histórias redigidas (o decurso elaborativo de uma trama escrita), propondo discutir o antagonismo entre o processo criativo do roteirista e o caráter redutor do roteiro que o concebe como “programas de imagens” (ibid). Nesta conflitante arquitetura, o roteiro estrutural (a narrativa poética, o romance em si) é surpreendido por normas técnicas (e por serem técnicas se destinam-se a imagens técnicas) que o transforma em códigos de programas (instruções técnicas para o diretor, o fotógrafo, os atores, etc), e programas são, segundo Flusser (ibidem, p.149), “prescrições de comportamento”, perdendo assim a natureza da ação poética e estrutural – conforme Flusser, (ibidem) “dramas são ações” - rendendo-se a ação técnica (instruções direcionadas, denotativas e não mais conotativas). Neste campo de embates, não estariam a criatividade do roteirista (e porque não designá-lo também escritor?) e a fisionomia literária da dramaturgia habitando um outro estado, o das imagens (e dos sons)?